Quem acreditasse que as primárias iam resolver os problemas das eleições internas dos partidos enganou-se. As primeiras primárias do PS abertas a simpatizantes, realizadas em setembro de 2014, acabaram por reproduzir as lógicas mais elementares do caciquismo habitual. Foi uma abertura de um partido à sociedade? Foi. O resultado final reflecte essa abertura? Não. Como o Expresso explica neste artigo da Cristina Figueiredo (artigo na foto, não no link) sobre o livro, as primárias do PS foram um embuste porque não representaram, afinal, um avanço tão histórico assim para a nossa democracia. António Costa ganharia muito provavelmente em qualquer das circunstâncias, mas uma análise fina aos resultados permite-nos perceber que se mantiveram e reforçaram as lógicas do aparelho.
Essa tendência é mais fácil de verificar nos bastiões de apoio a António José Seguro, porque o candidato derrotado venceu aí com números totalmente inversos aos resultados nacionais, por força da acção de arrebanhamento dos dirigentes locais. No caso de António Costa, este reforçou as votações nos concelhos onde era apoiado pelos caciques mais poderosos, um efeito que também se deveu ao facto de ter uma organização muito mais profissional e activa. Conclusão: nestes moldes, como tento explicar no livro, as primárias tal como o PS as organizou não vão salvar os partidos de si próprios. Mantêm-se tudo tal e qual, mas potenciado por mil...