Começa a ser cansativo repetir a lista. A contratação do filho de João Soares para a câmara de Lisboa como o José António Cerejo noticiou no Público é apenas uma continuação de uma prática banal durante a gestão de António Costa, e que apenas se mantém (aqui está a resposta de João Soares). A lista de mulheres, maridos e namoradas, publicada em Setembro no livro ao que sei, está incompleta. Ainda faltam alguns familiares de dirigentes do PS, que em breve hei-se apurar. Mas aqui fica, mais uma vez, porque nunca é demais recordar. Com uma ressalva: quem no PSD imputar estas práticas ao PS devia estar calado, que não é difícil fazer listazinhas laranja que rivalizem com as rosa.
A teoria subjacente a este livro é que os partidos são organizações piramidais, de pequenas oligarquias que se organizam da base até ao topo, numa lógica de troca comercial de apoios e votos por empregos e lugares. Os exemplos são muitos por todo o País, mas atinge-se o ponto de saturação - aliás muito comum - quando entram em jogo os familiares dos apoiantes políticos. A Câmara Municipal de Lisboa, liderada por António Costa, é um desses exemplos. Cada uma destas pessoas poderá ter, como é evidente, características adequadas ao cargo. Mas todas juntas dão-nos um retrato de nepotismo que não fica bem a quem diz acreditar nos valores republicanos. Este gráfico foi reproduzido na SÁBADO desta semana, mas no livro a infografia (pg. 328-329) estende-se a outras categorias: os autarcas que perderam eleições nas freguesias e os dirigentes do PS que também estão empregados na CML. Trata-se de uma verdadeira rede de influências que se repercutiria depois na vitória de António Costa nas primárias do PS.
Infografia: Filipe Raminhos