O militante e dirigente do PSD, Nuno Firmo - cujo caso das fichas falsas na sua secção da JSD-Lisboa foi contado no capítulo 7 da primeira parte de Os Predadores - viu o seu caso arquivado pelo Ministério Público.
O processo foi investigado pelo DIAP desde 2011 e arquivado no final de Outubro. Nuno Firmo, hoje presidente do Núcleo Ocidental de Lisboa e Carlos Martins, outro antigo militante da JSD, viram arquivadas as suspeitas do crime de falsificação em que eram arguidos. A investigação não conseguiu "apurar com a necessária certeza indiciária, a intervenção dos arguidos nos factos denunciados", pode ler-se no despacho de arquivamento. Os dois arguidos negaram a participação nos actos de falsificação de fichas de militantes "negando inclusive qualquer acesso às fichas de inscrição ou documentos dos estudantes" do ISEG onde terão sido falsificados os documentos. Pode ler a notícia toda aqui.
Apesar de não ter provado que as falsificações dos documentos e das assinaturas dos "novos" militantes tenham sido feitas pela mão dos arguidos - foram sujeitos a testes de caligrafia -, o DIAP descobriu mais fichas falsas no âmbito do mesmo processo e identificou os nomes de Francisco Filipe Carvalho Silvério, Helga Pinto Prego, Rui Inácio, e Susana de Brito Ladeira como outras "vítimas" do mesmo esquema que permitia insuflar a secção com militantes.
Fica aqui o devido registo sobre a conclusão do processo judicial. O relato que consta do livro mantém-se.
Este foi um dos casos a que fiz alusão na primeira parte do livro, como exemplo de más práticas internas dentro do PSD, de caciquismo e poder local ao nível de juntas de freguesia. Apesar de não ser um trabalho sobre corrupção, abordei este processo que ainda estava em julgamento quando o volume foi para as livrarias. Chegou ontem a uma conclusão, noticia hoje aqui o Público. Rodrigo Gonçalves e o seu pai foram absolvidos das acusações de corrupção passiva de que eram acusados pelo Ministério Público. Carlos Valente, que era então o fiscal das obras da junta de São Domingos de Benfica, foi condenado a quatro anos de prisão, mas vive neste momento no estrangeiro. Estas informações serão acrescentadas ao livro caso haja uma terceira edição.