Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 2016

Actividades predatórias no PSD ao largo de Ovar

As técnicas são quase sempre as mesmas: a falsificação de moradas, gente a viver em comunidades na mesma casa e partilha generosa de telefones. Neste caso, estamos no PSD de Aveiro, que vai ter uma disputa pelo poder distrital em breve entre Ulisses Pereira (actual líder distrital) e Salvador Malheiro, presidente da câmara de Ovar. Segundo o JN de hoje (notícia assinada por João Paulo Costa, sem link), o líder da concelhia de Ovar, Pedro Coelho, teria inscrito irregularmente 418 militantes no partido.

A justificação de Pedro Coelho ao JN é ilustrativa. Parece que são pescadores pobres de Esmoriz. Isto cheira ao que é. Isto é o que parece, mesmo que não houvesse irregularidades nas inscirções. Trata-se claramente de arrebanhamento de inscritos em massa. Chamar-lhes militantes seria demais. Perguntas a fazer: o que é que prometeram a estas pessoas para aceitarem inscrever-se num partido para irem votar no fulano tal no dia tal? Quem lhes paga as quotas, uma vez que têm dificuldades financeiras?

Prova-se mais uma vez, por estas práticas que permanecem habituais, uma das teses centrais de Os Predadores: os dirigentes políticos que acedem aos cargos de poder não são escolhidos livremente pelos militantes; eles criam eleitores que os possam escolher. E depois tornam-se presidentes de câmara, deputados, secretários de Estado e enchem a boca com a Democracia...

Predadores Ovar PSD JN.jpg

 

 

publicado por Vítor Matos às 13:02
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Segunda-feira, 14 de Setembro de 2015

A vitória do caciquismo científico

Observador.png

 

O capítulo acerca da vitória de Luís Filipe Menezes sobre Marques Mendes, na terceira parte do livro - aqui revelada pelo Miguel Santos, do Observador, na passada sexta-feira - é o que melhor ilustra como um poderoso cacique se pode tornar num dos "de cima". Menezes tinha poucos notáveis, não granjeava simpatia na comunicação social, a elite do partido estava contra ele e mesmo assim ganhou. Até os jornalistas políticos mais experientes ficaram surpreendidos naquela noite. Através deste exemplo pode perceber-se como os partidos são frágeis. Menezes tinha o poder ancorado na maior concelhia do PSD, com quatro mil militantes. Dominava a distrital do Porto, a maior, que era presidida por Marco António Costa. Garantia o apoio das outras grandes concelhias como Famalicão e Barcelos. E depois era preciso anular Lisboa (onde venceu) e atenuar a Madeira e os Açores.

 

O grupo dos caciques mais experientes do lado de Menezes conseguiu inverter de forma impressionante a vantagem de Marques Mendes: o líder dominava a secretaria do partido, tinha mais credibilidade na comunicação social e era acompanhado pelas "personalidades". Menezes provou que "as bases", as suas queridas bases, é que contam: porque votam consoante a indicação do seu chefe ou galopim. O segredo da vitória começou pela criação de uma enorme base de dados de deu um carácter "científico" à cacicagem e consolidou-se com a descodificação do algoritmo que gerava dos códigos de pagamento das quotas por multibanco, através de um informático em Madrid. Quebrado o código, os menezistas pagaram quotas a militantes por todo o país. Nunca se saberá de onde veio esse dinheiro. Menezes durou poucos meses à frente do partido, mas a posição de "ex-líder" havia de lhe valer o estatudo senatorial de um lugar no Conselho de Estado.

publicado por Vítor Matos às 12:01
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